Espetáculo teatral SETE VENTOS de Débora Almeida

(cartaz da peça em Salvador-Ba)

Simplesmente amável!

Se é que amar pode ser simples. De qualquer modo, o encanto sobre a apresentação dedicada e firme da atriz e dramaturga Débora Almeida me deixou maravilhada e ainda mais empenhada em minha missão enquanto escritora, mulher, negra.
O espetáculo Sete Ventos é uma simbiose de amor, resiliência, ancestralidade e perspectiva de continuidade de nós mulheres negras dando passos firmes em um presente/futuro de prosperidade e fé. 
Da infância, perpassando pelas jovens mulheres até a velhice, as mulheres de uma mesma família apontam diferentes questões que circundam a vida delas. Das repulsas que nós mulheres negras sofremos na vida desde a negação do corpo (em cabelo, nariz, boca, olhos) relembrando a pesquisadora Neusa Sousa em Tornar-se Negro (1983) pontuando que antes da negação da cor, a pessoa negra rejeita seu corpo que é violentado de todas as formas pelo racismo; ao forjar da personalidade (aquela que não sabe se comportar em público, não sabe se vestir, não tem etiqueta ao falar). 
A solidão da mulher negra é um destaque na peça. Ainda parece praga pensar que a mulher negra não quer carinho, companheirismo, compartilhar emoções e sensações. Pensar também que deve "tocar o barco" sozinha com naturalidade...não é assim! Nós mulheres negras amamos e queremos ser amadas, merecemos amor e afeto.
Parabéns, Débora Almeida por transformar as histórias dessas 7 mulheres (que também são de muitas outras) em reflexões de vida. A cor vermelha que ilustra e figura toda a trama e cenário é uma representação de Oyá/Iansã, orixá feminino dentro da religião candomblé que representa o poder aguerrido das mulheres, mas pode ser também toda a fertilidade, coragem e amor que nos faz mulheres vivas para contar mais histórias de nós.


 Eu e a atriz Débora Almeida (24/07/2016)



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