Nossa eterna estrela Azul: Mãe Stella de oxossi


Orun em festa para receber a filha do caçador

Já faz alguns meses que escreve nesta coluna e uma vontade enorme de falar das obras literárias feitas por dona Maria Stella de Azevedo Santos, Mãe Stella de Oxossi, Ode Kayode. Contudo, faltou-me coragem de pôr em palavras tudo que aprendo lendo seus textos, acompanhando sua trajetória de militância religiosa dentro e fora de sua nobre casa, o Ilê Axé Opo Afonjá, que também se tornou nossa casa.
Seu olhar de mãe me inundava de esperança todas as quartas-feiras de amalá que pude estar no Afonjá uns seis anos atrás. Lembro-me, vivamente, do dia que comprei o livro “Meu tempo é agora” e levei até a grande Iyá para autografar: a audição já estava um pouco prejudicada, mas a escrita ainda viva e certa como a flecha do caçador, assinou para Ana Paula ao invés de Ana Fátima... não liguei. Só de estar diante de uma mulher com tantos desbravamentos, com um título Honoris Causa sendo ela reconhecida perante a sociedade baiana enquanto uma líder religiosa de matriz africana, eu já estava no máximo das bênçãos.
Outro dia, em uma festa pra oxossi - meu senhor, meu pai – admirei aquela senhora sentada em seu trono, olhar concentrado, entregue à fé, não tinha como não se sentir acolhida, protegida. Okê Arô!
Agora, no orun, dá continuidade às suas bênçãos a nós, mortais, falhos, extravagantes. Humildade e responsabilidade em tudo que fez, ensina-nos o quanto temos a aprender com seu legado de tantas frentes. “Modupé, Mãe Stella!” Foi o que disse ajoelhada diante dela há 6 anos atrás, e repito hoje, após sua passagem para junto dos nossos ancestrais. E direi sempre, por que se hoje sou Yewa Farajogba, filha do Ilê Axé Iboro Odé, omo orixá, escritora, educadora, tenho como uma de minhas principais referências esta grande senhora de Oxossi que se iniciou aos 14 anos de idade, aos 51 assumia seu compromisso de iyalorixá da casa de Xangô Afonjá,  fez seus ensinamentos correr mundo em palestras, livros, vídeos no Youtube, ao receber seu lugar na Academia de Letras da Bahia, ao auxiliar na cura enquanto enfermeira ou mãe dos segredos de axé, sendo si mesma. Sendo uma mulher do seu tempo. Sendo nossa eterna mãe.



Créditos: Fotografia de Antonello Veneri.

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